quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nacional

PREÇOS AUMENTAM E DILMA ATACA DIREITOS E SALÁRIOS

O próximo período terá de ser de luta para os trabalhadores. Caso contrário, perderemos direitos, salários e a vida se tornará ainda mais difícil.

O governo de Dilma Rousseff (PT) começou frustrando as expectativas da maioria do povo brasileiro. Já trouxe consigo um aumento geral dos preços, o anúncio de cortes nos gastos públicos e ameaças de retiradas de direitos dos trabalhadores.

Antes mesmo de assumir, ainda no governo Lula, foi aprovado um aumento de 62% nos salários dos parlamentares, e de 133% para presidente da República e ministros. Assim, seus salários subiram para R$ 26 mil. Enquanto isso, os mesmos parlamentares, decidiram que o salário mínimo deveria ter apenas 6,47% de reajuste, ou seja, aprovaram um salário mínimo de apenas R$ 545. Um absurdo!

O custo de vida está altíssimo em todo o Brasil. Transporte, alimentação, moradia. Tudo subiu de forma exorbitante. Segundo o Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), hoje em dia, para que o trabalhador possa ter uma vida decente com moradia, alimentação, saúde e educação precisa de um salário de R$ R$ 2.227,53.

Cortes nos gastos

O governo já anunciou oficialmente que pretende cortar R$ 50 bilhões dos gastos públicos. Esses cortes virão da redução dos investimentos em saúde e educação públicas, virão do arrocho salarial e das aposentadorias, assim como do congelamento dos salários dos servidores públicos, que estão em pé de guerra com o governo.

O objetivo é continuar dando dinheiro para empresários e banqueiros, por meio do pagamento da dívida pública. Somente de outubro de 2010 até o início de 2011 eles já receberam R$ 134 milhões. Agora, a presidente afirma que fará uma reforma tributária para diminuir os impostos previdenciários pagos pelos empresários. Dessa forma, atacará ainda mais a nossa previdência pública.

Os cortes no orçamento servirão para o govero continuar pagando a dívida pública que não acabou, como muitos pensam. Aliás, consome 44% das verbas do orçamento do país, de acordo com a organização Auditoria Cidadã.

A CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), o FST (Fórum Sindical dos Tra-balhadores), Intersindical, Cobap, MTST e diversas outras entidades estão realizando plenárias para organizar as mobilizações no próximo período.

Vamos unificar as lutas dos servidores públicos com as diversas categorias que estão em campanha salarial e com as lutas que ocorrerem neste primeiro semestre. Esse é o caminho para barrarmos os ataques que estão sendo preparados pelo governo Dilma.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Artigo

15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Lembremos os nossos mortos

Jeronimo Castro*

Na tarde do dia 17 de abril de 1996, em um trecho da rodovia PA-150 conhecido como curva do S, 19 sem-terra foram mortos e outros 60 saíram feridos em um dos massacres mais impressionantes do Brasil “democrático”.

O grupo que marchava havia feito uma ocupação da fazenda Macaxeira e exigia sua desapropriação para reforma agrária.

Era o tempo das grandes ocupações de terra, do MST com um apoio popular imenso, da reforma agrária pautada em todas as discussões políticas. De uma tremenda polarização no campo, onde sem-terra e trabalhadores de um lado, e latifundiários e burguesia do outro, lutavam para disputar que forma de propriedade e desenvolvimento agrário deveria predominar.

O efeito do massacre na população foi espantoso. Em todo o país houve atos. Em Belém do Pará, estado onde aconteceu o massacre, no dia do protesto, a Polícia Militar foi retirada das ruas para evitar que a população se enfrentasse com ela. E, raridade na história recente do país, a manifestação atacou um quartel sem sofrer nenhuma retaliação.

Nos meses que se seguiram ao massacre, o prestígio do MST cresceu como nunca. Uma marcha convocada por eles levaria ao que seria a Marcha dos 100 mil.

Quinze anos depois, nenhum dos envolvidos no massacre está preso, a reforma agrária continua por fazer e o agronegócio avançou justamente no governo do partido que supostamente era o maior aliado do MST, o PT.

O governo Lula, como nenhum outro, apoio, financiou e defendeu o avanço do capitalismo no campo. Uma contrarreforma agrária, de caráter mercantil e reacionário, foi executada. Uma campanha midiática foi feita para satanizar o MST e toda a luta pela terra. O próprio MST mudou, ao acreditar que o governo Lula era seu governo, ocupou postos na estrutura federal e freou a luta direta pela terra.

É verdade que nenhuma homenagem trará de volta os mortos, nem suprirá a ausência dos que tombaram naquele dia para seus companheiros, amigos e parentes. Os órfãos continuarão órfãos, as viúvas continuarão viúvas. Mas é necessário não deixar cair no esquecimento estes 19 mortos (1). Mais do que artigos e protestos, nós queremos homenageá-los com lutas. Manter viva não apenas na memória, mas nos nossos atos cotidianos, a bandeira que eles defendiam, e reivindicar como mais atual que nunca a luta por uma reforma agrária ampla, radical e sob controle dos trabalhadores.

Nós mantemos viva a certeza cantada naqueles dias, de que “nosso lema é ocupar, resistir e produzir”, e de que só sairá reforma agrária com a aliança camponesa e operária. Esta é a homenagem que queremos fazer a esses mortos, estes são os nossos heróis e mártires. Nós reivindicamos plenamente suas lutas, nós as levaremos adiante.

Até a vitória, companheiros!

*advogado que estava em Eldorado na época do massacre

(1) Adílio Alves Rabelo, 57, Altamiro Ricardo da Silva, 42 anos, Amâncio Santos Silva, 42, Antônio Alves da Cruz, 59, Antônio Costa Dias, 27, Antônio (Irmão), Graciano Olímpio Souza (Badé), 46, Joaquim Pereira Veras, 32, João Carneiro da Silva, João Rodrigues Araújo, José Alves da Silva, 65, José Ribamar Alves Souza, 22, Leonardo Batista Almeida, 46, Lourival Costa Santana, 26, Manoel Gomes Souza (Leiteiro), 49, Oziel Aves Pereira, 17, Raimundo Lopes Pereira, 20, Robson Vitor Sobrinho, 25, Valdemir Ferreira da Silva (Bem Te Vi).

terça-feira, 19 de abril de 2011

Artigo

Senado propõe plebiscito sobre comércio de armas e munição. Isso vai resolver?

Antônio Radical*

O presidente do Senado, o latifundiário José Sarney (PMDB/MA), aproveitando-se de forma oportunista da comoção nacional que envolve o caso do assassinato em massa de 12 alunos/as em Realengo, no Rio de Janeiro, lançou a proposta no Senado, onde este é presidente, da realização de um plebiscito nacional sobre a questão do comércio de armas e munição. Segundo o eterno senador peemedebista, o plebiscito ocorreria no dia 1º de outubro deste ano e teria uma única pergunta a ser respondida pelo eleitorado brasileiro, que seria a seguinte: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”.

Afirmamos que a proposta é oportunista por duas razões: 1ª) em 2005, foi realizado um referendo nacional sobre a mesma matéria e a ampla maioria do povo foi CONTRA a proibição de comércio de armas de fogo. Portanto, se existe no Brasil uma verdadeira democracia, como Sarney e seus aliados no Congresso e no governo gostam tanto de afirmar várias vezes, então que prevaleça a vontade popular, já manifestada no referendo de 2005; 2ª) Sarney, como bom urubu que é, faz esta proposta de forma demagógica e oportunista por conta do sentimento de milhões de brasileiros/as, comovidos/as ao extremo por conta das chocantes cenas ocorridas em Realengo, semana passada. E dessa maneira aproveita-se da situação para promover mais uma "politicanalhice" pura.

O senador maranhense, eleito pelo Amapá, quer fazer crer (mais uma vez, diga-se de passagem) ao povo brasileiro que a raiz da violência está no comércio de armas e munição em nosso país. Como bom membro da elite brasileira, procura com isso fazer a discussão pelo seu efeito e não pela sua causa. Com isso pretende mais uma vez ludibriar a opinião pública nacional.

O assassino de Realengo atende pelo nome de Wellington, mas poderia muito bem ser José, Antonio, Marcos, ou mesmo Sandra, Mônica, Maria. Qualquer um/a poderia ter protagonizado aquelas cenas de horror que assistimos no Rio de Janeiro. Como também o local poderia ser outro qualquer, tipo São Paulo, João Pessoa, São Luís. As causas do que ocorreu na escola Tasso da Silveira poderiam se reproduzir em qualquer escola pública (ou particular) de nosso país e suas causas não estão direcionadas apenas para o perfil do assassino, mas sim pelas razões político-sociais que a classe trabalhadora brasileira passa em nosso país.

Esta classe trabalhadora é superexplorada pelo capitalismo e, além dessa exploração, é também oprimida pelo machismo, racismo e homofobia. O capitalismo e seus possuidores e/ou representantes, como José Sarney e tantos outros, estão pouco se lixando para os problemas cotidianos que nossa classe sofre. Querem apenas manter esse status quo (cenário) para se perpetuarem no controle da situação.

Nossa sociedade, da forma como está organizada hoje, só faz gerar personalidades como a de Wellington Menezes. É sabido hoje que o jovem assassino de Realengo passou por problemas seríssimos de bullying na escola onde estudava, a mesma onde ele promoveu o massacre de jovens indefesos. E o que a escola fez para identificar e resolver este problema? Nada ou quase nada, como se sabe até agora. E de quem é a responsabilidade sobre isso?

O principal responsável por isso é o Estado brasileiro, que ano após ano, corta as verbas da educação pública e, com isso, faz com que as escolas deixem de contratar profissionais qualificados para fazer este trabalho no interior das escolas, como psicólogos, assistentes sociais, orientadores educacionais. O governo Dilma acaba de cortar mais de R$ 50 bilhões do orçamento deste ano e mais uma vez tal medida prejudicará ainda mais a área social, como Educação. E quem sofre com isso na ponta da tabela são os profissionais da educação pública, que terão que se virar para dar conta da precária situação por que passam as escolas públicas de nosso país, do Oiapoque ao Chuí.

Wellington Menezes poderia até ter tentado fazer o que fez, mas se houvesse um acompanhamento correto por parte da escola, isso poderia ter sido evitado. Mas o Estado brasileiro e seus dirigentes - presidente, governadores e prefeitos - não estão preocupados com isso, mas sim em procurar dar mais dinheiro público às escolas e universidades particulares e garantir o sono tranquilo dos banqueiros através da alta taxa de juros, as maiores do planeta.

Há muito tempo que é sabido por toda a sociedade que o espaço escolar atual tem sérios problemas, inclusive de segurança. Mas isso só entra em debate quando é período eleitoral e os representantes do capitalismo, ao se lançarem candidatos, ADORAM afirmar que em seu governo "educação é prioridade". Depois, quando eleitos, podemos assistir na prática a tal prioridade na educação. Corte de verbas, desrespeito a direitos trabalhistas elementares, assédio moral e sexual e muito mais.

Assim, é reconfortante para Sarney e outros aparecerem agora e sugerirem um plebiscito sobre o comércio de armas e munição em nosso país. Como se a vitória nesse plebiscito que eles pretendem (proibir o comércio de armas e munição) fosse realmente resolver o problema.

Assim como em 2005, somos CONTRÁRIOS ao desarmamento! Querem com isso desarmar o povo trabalhador e fazer com que o Estado, através de seu aparelho repressor, assuma a condição de protetores da sociedade. Mas quem confia, em sã consciência, na polícia como ela está organizada atualmente?

Da forma como é a proposta, os bandidos continuarão a ter armas e o povo ficará desprotegido, à mercê de uma polícia que a população não confia. Além de que a proibição do comércio de armas e munição, caso seja vencedora, NÃO acabará com o tráfico ilegal de armas e munição. Pois este existe hoje e continuará existindo após o plebiscito, com a conivência do Estado e de seus aparelhos de repressão.

* Antonio Ferreira Lima Neto é professor de História e sindicalista em João Pessoa (PB), e integrante da CSP-Conlutas. Texto publicado originalmente no blog http://antonioradical.blogspot.com

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nacional

28 de abril: Unificar as mobilizações no dia nacional de lutas

A principal atividade da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) no calendário de mobilização deste mês será a construção do dia nacional de lutas em 28 de abril. Este dia foi definido por todas as entidades e movimentos que participam do espaço nacional de unidade de ação: CSP-Conlutas, Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), Cobap, Intersindical, MTST, MTL, Anel, Cnesf, entre outras entidades combativas do movimento sindical e popular.

Ataques do novo governo
Dilma acaba de completar três meses de governo, mas, apesar do pouco tempo, já ficou clara sua política de ataques aos trabalhadores e à maioria do povo. Foi assim com o aumento absurdo no salário dos políticos do Congresso, principalmente em comparação com o reajuste abaixo da inflação para o salário mínimo, com o aumento dos juros e as medidas contrárias aos direitos do funcionalismo público federal, especialmente a proposta de congelamento dos salários dos servidores.

A presidente realizou ainda o maior corte da história no orçamento da União, no total de R$ 50 bilhões, atingindo principalmente as verbas das áreas sociais, como saúde, educação e programas sociais.

Mais reformas neoliberais
Neste momento, estão em discussão no governo as propostas de reforma tributária e da nova reforma da Previdência. A grande imprensa vem divulgando, a partir de declarações de ministros e fontes ligadas ao próprio governo, as possíveis medidas que serão adotadas.

Está sendo pensada uma reforma tributária que, entre outras iniciativas, reduziria a contribuição patronal no financiamento da Previdência Social, e uma nova reforma da previdência que criaria a idade mínima para se aposentar por tempo de contribuição.

Em vez de simplesmente acabar com o famigerado fator previdenciário, o governo Dilma, com apoio e conivência das centrais sindicais governistas, está propondo substituí-lo pelo chamado fator 85/95, que condenaria os trabalhadores a ter direito à aposentadoria integral somente quando a idade somada ao tempo de contribuição atingisse 85 anos, no caso das mulheres, e 95, no caso dos homens.


Unificar as lutas
Portanto, não faltam motivos para sairmos à luta. O objetivo da CSP-Conlutas é unificar, num mesmo dia de luta, todas as mobilizações das campanhas salariais com as mobilizações do movimento popular e estudantil. Precisamos organizar um amplo movimento nacional que derrote os ataques dos patrões, do governo Dilma, dos governos estaduais e das prefeituras, e que consiga nossas reivindicações.

Após o dia 28 de abril, a CSP-Conlutas estará com outras entidades, movimentos e organizações políticas, em todo o país, na construção de atos classistas, de luta e socialistas no dia 1º de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores.

Humor

terça-feira, 12 de abril de 2011

Artigo

Podiam ser nossos filhos!

Miguel Malheiros, do Rio de Janeiro

Manhã do dia 7 de abril de 2011. O trânsito começa a ficar realmente complicado. As TVs apresentam as imagens das câmeras da CET-Rio e mostram os caminhos menos engarrafados. Nos rádios repórteres aéreos localizam os pontos congestionados. Ouvintes telefonam, opinam. Mais um dia de "normalidade” no caos urbano.

Num repente, a “normalidade” do caos é quebrada. À bala, o sagrado espaço da sala de aula é violado. 12 estudantes, 10 meninas e 2 meninos, tem suas vidas interrompidas pelas balas de dois revólveres do assassino Wellington Menezes de Oliveira. Ele mesmo um jovem: 23 anos. Impactadas, as pessoas se perguntam: Por quê?

Antes de tudo, solidariedade às vítimas e seus familiares. Cada um e cada uma das vítimas tinham irmãos, irmãs, primas e primos, pai, mãe, avós e avôs. Tios e tias. É a dor terrível da quebra da tendência natural da geração mais jovem sobreviver à geração mais velha.

Os bilhetes, flores, cartazes, afixados nos muros da escola mostram a dor e a solidariedade da população. Foram os filhos e filhas da nossa classe, a classe trabalhadora, que tombaram sob as balas assassinas. Neste momento, somos todos pais e mães, estudantes, professores, professoras, funcionários e funcionárias da Escola Municipal Tasso da Silveira. As balas na cabeça de nossos filhos e filhas atingiram nossos corações, e essa também é a nossa dor.

Dez meninas e dois meninos assassinados, chacinados

Wellington Menezes de Oliveira, assassino suicida. 23 anos, vítima de bullying quando estudante, passou pelas cadeiras escolares e seus problemas mentais não foram identificados. Ou não se teve mecanismos para encaminhar seus problemas. Não recebeu nenhum tratamento diferenciado.

O governo Dilma acaba de cortar 50 bilhões do orçamento da União. Continua a velha política de garantir os interesses dos banqueiros daqui e de fora. A política de seguir pagando a dívida pública à custa do resgate da dívida social. Mais de 3 bilhões cortados só na educação. Dilma não está sozinha. Antes dela, Lula, FHC, Itamar, Collor, Sarney, os governos da ditadura... A política de priorizar os interesses dos ricos e poderosos tem suas consequências.

Na prefeitura e no governo do estado, Eduardo Paes e Sergio Cabral privatizam espaços escolares, transferem recursos públicos da educação para a iniciativa privada. Atacam a aposentadoria, mantêm salários rebaixados.

A consequência é escolas fisicamente sucateadas. O ambiente escolar, por essa combinação de diferentes elementos, deixa de ser atrativo, não responde aos anseios dos estudantes que a frequentam, tão pouco aos anseios dos profissionais que a impulsionam.

Hoje o espaço escolar, infelizmente, é palco de diferentes formas de violência. Bullying, brigas violentas, agressões – físicas até – a professores.

Não é que faltem somente professores. As escolas públicas não possuem coordenação pedagógica, faltam psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, médicos, dentistas. Faltam inspetores, porteiros, faltam professores.

Salas de aula lotadas, 30, 35, 40 estudantes em uma turma. Baixos salários obrigando a dobras de vários tipos, obrigando a ter vários empregos. Tudo isso impede qualquer tipo de atendimento mais individualizado por parte dos profissionais da educação.

Hoje uma professora ou um professor, mal consegue identificar nos estudantes problemas visuais ou motores, que dirá problemas mentais. Quando suspeitam do problema não há canais para encaminhar. Na escola não há profissionais capacitados para dar tratamento a estes problemas. Porém, também não estão na rede pública de saúde.

Ou seja, o capitalismo visa o lucro, desumaniza os seres humanos, produz doentes da sociedade, mas tratá-los, se não dá lucro, não será feito. A consequência, hoje, 10 meninas e 2 meninos assassinados, chacinados.

TV's, rádios, revistas, jornais, vídeos-game banalizam a violência. A pobreza e seus dramas inevitáveis são ridicularizados e explorados. O lucro fácil colaborando com a desumanização. Colaborando com a banalização da violência, onde homicídios passam a ser triviais. Ajudam, dessa forma, a abrir caminho para mais violência urbana, agora combinada com doses de fanatismo religioso.

Os mesmos rádios, TV's e jornais que banalizam diariamente a violência uivam por detectores de metal. Clamam por colocar pessoas armadas nas escolas. Lobos escondidos em peles de cordeiros, o que vocês querem realmente é mais controle social sobre a pobreza. Mais contenção social. Já não bastam as grades, os portões de ferro? Nossas escolas se assemelham mais a prisões que a um espaço de construção de seres humanos.

Ninguém viu que Wellington sofria intensamente. Ninguém viu que a família de Wellington estava despedaçada. Ninguém viu que dentro de Wellington a loucura crescia. Ter surgido um Wellington, no Brasil, foi só uma questão de tempo.

Imitação da tragédia, o assassino suicida copiou os ataques às escolas que não são raros nos Estados Unidos. O mais importante país desse sistema econômico em que vivemos, o sistema capitalista.

Wellington, assassino suicida, 23 anos, é fruto desse sistema. Esta é a sociedade onde um punhado de pessoas explora o trabalho de milhões e milhões de seres humanos. É no capitalismo onde o homem é lobo do homem.

Este é o sistema onde os seres humanos são desumanizados. São bestializados. São transformados em monstros. Embrutecidos, alguns se transformam em feras, animais. Sem perspectiva de vida, ou seja, sem perspectivas de realizar-se como seres humanos, o inumano floresce. Desemprego; baixos salários; trabalhos embrutecedores, alienantes. Um mundo onde o ter vale mais que o ser, onde a competição e o individualismo são incentivados, e a solidariedade e a fraternidade são vistas como curiosidades. O resultado é a cada vez maior desumanização. O mais belo do ser humano é esmagado todos os dias.

Este é o sistema, e o caldo de cultura, que geram assassinos suicidas no Rio de Janeiro ou em Columbine, nos EUA. É sintomático que Wellington tenha buscado mulheres, tenha buscado, preferencialmente, meninas para assassinar. Não há capitalismo sem machismo.

Dez meninas e dois meninos assassinados. Entre eles podia estar sua filha, podia ser seu estudante. Não foram poucos os professores a refletir: podia ter sido na minha escola, em minha sala de aula.

Wellington puxou o gatilho, mas não matou sozinho. As 10 meninas e os 2 meninos, cuja juventude foi tão violentamente interrompida, são vítimas do assassino, mas também são vítimas daqueles que lucram com este sistema econômico. São vítimas dos agentes dos ricos e poderosos instalados nas prefeituras, governos estaduais e no governo da União.

A luta pelo resgate da dívida social, contra o corte de verbas – que em última instância engorda o bolso dos banqueiros – a luta por salário, por melhores condições de trabalho e de vida, por moradias dignas e pela reforma agrária, são parte integrante da luta contra a desumanização.

Porém, estas lutas têm seus limites. É necessário ir além. É preciso cotidianamente fazer a ponte entre essas lutas imediatas e a luta pelo fim desse sistema desumanizador. A luta pela construção de uma sociedade sem explorados nem exploradores. A luta por um mundo onde homens e mulheres sejam realmente livres.

A luta por uma sociedade onde o homem ser lobo do homem faça parte da pré-história humana. A luta contra a barbárie, a luta pelo socialismo, coloca-se mais que nunca na ordem do dia. Impõe-se pela realidade.

Sim, a vida é bela. Mas para que a geração futura possa livrá-la de todo o mal para poder desfrutá-la plenamente, depende de poder sobreviver. Depende de ter garantido o mais básico dos direitos: o direito à vida.

Às 12 vítimas um compromisso: seguiremos lutando por esse mundo sem explorados nem exploradores. Seguiremos lutando para que a expressão: lugar de criança é na escola, seja sinônimo de um espaço livre de opressão, livre de violência. Um espaço onde a infância possa ser exercida plenamente e o melhor do ser humano possa florescer.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Fala Chica da Saúde!

Hemocentro de Mossoró sem carro

E a saúde pública estadual vai de mal a pior. No Hemocentro de Mossoró, por exemplo, não há nem mesmo um carro para levar sangue a quem precisa nos hospitais. Segundo os próprios servidores, o problema vem desde o ano passado, sem ser resolvido nem pelo governo anterior nem pelo atual. Como não há veículo para transportar sangue, as famílias dos pacientes é que estão arcando com o prejuízo. Se um paciente precisar de uma transfusão, são os parentes que têm que buscar. Do contrário, já viu, né?! Além disso, Rosalba vai parcelar o pagamento das férias. E a gente? Vai aceitar?

Ganharam, mas não levaram!
Os servidores da Unidade de Saúde Dr. Joaquim Saldanha, na Estrada da Raiz, em Mossoró, não estão nada contentes. Em 2010, a Prefeitura instituiu uma premiação de R$ 10 mil para a unidade que fosse melhor avaliada no atendimento à população. A avaliação é feita a cada três meses e o prêmio deveria ser dividido entre todos os servidores da unidade. Esse mês a Prefeitura anunciou que pagaria o prêmio referente ao ano passado. A Unidade Dr. Joaquim Saldanha venceu a avaliação, mas até o momento ninguém viu a cor do dinheiro. O Secretário da Cidadania, Francisco Carlos, ainda chegou a sugerir aos servidores que doassem o prêmio para a unidade, a fim de ajudar. É mole ou quer mais?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desrespeito

Direção Estadual do Sindsaúde faz festas ao invés de organizar a luta dos servidores

A direção estadual do Sindsaúde/RN não tem feito o que um sindicato realmente precisa fazer. Ao invés de estar organizando as muitas lutas dos servidores municipais de Natal e do Estado, a atual diretoria prefere realizar festas pelo interior do RN. Já houve uma em Mossoró e outra está programada para Assu. O objetivo desta direção não é outro senão tentar ganhar os votos dos trabalhadores para as próximas eleições do Sindsaúde, em 2012, promovendo apenas atividades de lazer.

Enquanto a direção estadual do Sindsaúde faz festas, os servidores do Estado sofrem com o atraso no pagamento do terço de férias e dos plantões eventuais (indenizações). E o pior: além de não organizar a luta dos trabalhadores para cobrar do governo esses direitos, a diretoria estadual do sindicato ainda aceitou a proposta de parcelamento feita pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Dessa forma, um trabalhador que tirou férias em fevereiro desse ano, por exemplo, só irá receber seu terço de férias em agosto. Como se não bastasse, a direção estadual do Sindsaúde aceitou uma proposta do governo sem consultar os servidores e sem realizar assembleia. A única assembleia convocada foi para discutir questões da área de lazer.

Direção estadual ataca autonomia de Mossoró
No dia 24 de março, a direção estadual do Sindsaúde veio a Mossoró para realizar um plantão jurídico com seu advogado. Um tremendo desrespeito, já que a Regional de Mossoró possui um advogado que atende os sócios toda semana. Além disso, a direção estadual esconde de Mossoró muitas informações, não convoca para cursos e ainda realiza atividades no município sem avisar aos diretores da Regional. Dessa forma, a estadual ataca a autonomia do sindicato em Mossoró e passa por cima de sua direção.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Movimento

Greves paralisam obras do PAC

Maus tratos, superexploração, baixos salários e mortes revoltam e levam quase 100 mil trabalhadores a cruzarem os braços

Uma onda de greves se espalhou pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em todas as regiões do país. No total, o número de trabalhadores que cruzaram os braços aproxima-se de 100 mil.

O tema ganhou maior evidência a partir dos episódios ocorridos nas obras de construção da hidrelétrica do Rio Madeira (Jirau e Santo Antônio), em Rondônia, onde 35 mil trabalhadores levantaram-se contra uma situação de total humilhação, desrespeito e superexploração.

No Ceará, nas obras da refinaria do Pecém, aproximadamente seis mil cruzaram os braços e exigem melhores condições de trabalho, enquanto outros 40 mil pararam suas atividades e realizaram protestos nas obras da refinaria Abreu e Lima e no pólo petroquímico em Suape, no estado de Pernambuco. Em Caraguatatuba, litoral de São Paulo, são aproximadamente três mil em greve, entre trabalhadores das obras e petroleiros da Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA) da Petrobras.

A última reação dos trabalhadores aconteceu nas obras da hidrelétrica de Mato Grosso do Sul onde, após um segurança agredir um trabalhador e atirar dentro do canteiro, houve manifestações que tiveram como consequência a queima de vários alojamentos.

Nas obras, o trabalho “mortifica” o homem!
O que estamos assistindo nessas manifestações é a revolta de milhares de trabalhadores contra uma situação insuportável, fruto do abuso das empreiteiras, da omissão do Estado e do aprofundamento de uma prática sindical de colaboração de classes e atrelamento desses “dirigentes” aos governos, especialmente ao governo federal.

É nesse quadro que as velhas práticas de humilhação, desrespeito, violência e preconceito são introduzidas e se espalham entres esses milhares de operários concentrados nas obras do PAC. Dessa maneira, grandes empreiteiras sentem-se à vontade para impor as mais atrasadas e nefastas formas de tratamento a seus empregados.

Um levantamento feito pelo jornal O Globo em 21 grandes empreendimentos do PAC registrou-se a morte de 40 trabalhadores. Apenas em Jirau já foram seis. Há um processo desenfreado de subcontratação e terceirização que provoca grandes diferenças salariais entre trabalhadores com a mesma profissão e num mesmo canteiro de obra. Grande parte dos operários vem de diversas cidades e regiões distantes e fica “alojada” no local da construção. Na maioria dos casos, eles só têm direito a uma “folga”, de apenas uma semana, a cada 120 dias trabalhados.

Como disse um operário, “na obra tem fila pro banheiro, fila pro almoço, fila pra receber o salário, tem fila pra tudo”. Todo esse cenário também ocorre em meio a uma pressão violenta dos encarregados e chefes de campo, que maltratam os trabalhadores. As empreiteiras adotam fortes esquemas de “segurança” que, como podemos ver nos noticiários, agridem e oprimem os operários frequentemente.

Humilhados e com baixos salários, sentem as dores da distância e da perda, sem amparo, nem proteção. Até mesmo o sindicato que devia defendê-los atira contra eles, como ocorreu em Suape e Rondônia. No Jirau, dois sindicatos (um filiado à Força Sindical e outro à CUT) se enfrentam numa disputa de representação, enquanto o caos segue no canteiro da obra.

Quem lucra com a superexploração
No entanto, se os trabalhadores sofrem com a falta de amparo, as obras do PAC são um verdadeiro presente para as empreiteiras. Todas elas contam com generoso financiamento público através do BNDES. Só em 2009, os empréstimos do banco para infraestrutura chegaram a quase R$ 49 bilhões. Para a construção civil, o volume foi de R$ 6,6 bilhões. O montante representou mais de 40% de todo o empréstimo feito pelo banco em 2009. Ou seja, o financiamento público das obras do PAC garante lucro certo às empreiteiras que, para aumentar sua taxa de retorno, impõem esta situação de barbárie nos canteiros de obras.

Mas as empreiteiras agradecem a generosidade do governo petista com polpudas doações de campanha. Na eleição passada, as construtoras doaram para a campanha de Dilma mais de R$ 107 milhões, o que representou 41% das doações para a candidata e para o Diretório Nacional do PT. As principais doações vieram da Camargo Corrêa (R$ 13 milhões), Andrade Gutierrez (R$ 15,7 milhões), OAS (R$ 9,7 milhões), Queiroz Galvão (7,8 milhões) e Odebrecht (R$ 2,4 milhões). Todas elas tem contratos com as obras do PAC.

Fonte: CSP-Conlutas

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Epidemia

AUMENTO NOS CASOS DE DENGUE É CULPA DOS GOVERNOS

Os números de dengue no Estado aumentaram mais de 700% em 2011, em relação ao mesmo período de 2010. Em 15 dias, os registros da doença saltaram de 400 para 641 em Mossoró. Os hospitais já começam a lotar com uma quantidade cada vez maior de pacientes chegando com suspeitas da doença. Se a situação já é ruim, uma má notícia piora ainda mais o fato: o surgimento de casos da dengue tipo "4" espalhados por todo o Brasil. Segundo o infectologista Luiz Alberto Marinho, quando o tipo 4 chegar, o aumento da doença não será apenas nas ocorrências da chamada dengue clássica, mas também na dengue hemorrágica.

Principal responsabilidade é dos governos
Os principais responsáveis pelo aumento no número dos casos de dengue são os governos. De acordo com um agente de endemias de Mossoró, a falta de saneamento básico, de coleta de lixo e de fornecimento regular de água contribuem bastante para a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
“O mosquito põe seus ovos em qualquer lugar com água parada, seja limpa ou não. Assim, quando o governo não cuida do lixo nem do saneamento, está ajudando a proliferar a doença.”, diz o agente. “Além disso, aqui em Mossoró, por exemplo, a quantidade de agentes de endemias é insuficiente para dar conta do município.”, denuncia.

Ainda segundo o trabalhador, Mossoró possui 30 zonas descobertas, ou seja, lugares onde o serviço de combate às endemias não chega. Cada zona tem, no mínimo, 800 imóveis.
“Hoje nós somos 120 agentes no município. Todos os dias visitamos uma média de 30 casas. Trabalhamos 8 horas por apenas R$ 750. Somos poucos para tantos imóveis. Seria preciso pelo menos mais 60 agentes para cobrir estas áreas.”, diz.

O agente de endemias também afirmou que uma política correta para combater a dengue precisaria de três ações: resolver todo o problema do saneamento básico, realizar uma campanha educativa permanente para a população (não apenas nos períodos de pico da doença) e contratar mais agentes de endemias. Como se vê, os principais responsáveis pelo aumento da dengue ainda são os governos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Em luta

SINDSAÚDE/RN MOSSORÓ REALIZA 1º ENCONTRO DE SERVIDORES DA SAÚDE DE FELIPE GUERRA

"O trabalho do sindicato é conscientizar o trabalhador. Nossos direitos não vieram de graça. Ao contrário, foram conquistados com muita luta. Nós nos preocupamos em conscientizar nossa classe para avançar cada vez mais nas conquistas.”. Foi assim que o diretor do Sindsaúde de Mossoró, João Morais, deu início ao 1º Encontro dos Servidores da Saúde de Felipe Guerra, realizado no último dia 26 de março.

Durante o encontro, os servidores debater
am a situação atual da crise econômica no mundo e suas consequências na vida dos trabalhadores. Também foram discutidos alguns planos para enfrentar os ataques dos governos, principalmente os do prefeito de Felipe Guerra, Braz Costa (PMDB).

A abertura do encontro contou com a participação especial do grupo artístico Projeto Abelhar, que fez apresentações de dança e poesia. O grupo faz parte da ONG Artéria e é composto por jovens de Felipe Guerra.

Palestra
A palestra “A Crise Econômica e a Luta de Classes” ficou por conta do professor e instrutor do ILAESE (Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos), Dário Barbosa. Dário explic
ou que uma crise econômica acontece quando algo na produção capitalista não vai bem. “No capitalismo, as empresas produzem muitas mercadorias e durante algum tempo isso dá lucro. Mas depois a sociedade não consegue consumir tudo o que foi produzido da mesma forma. E aí os lucros começam a diminuir. Chegou a crise.”, disse o professor.

Dário Barbosa destacou que os empresários decidem rebaixar os salários e demitir trabalhadores justamente para evitar uma diminuição ainda maior em seus lucros. O professor disse também que, na crise atual, os governos desviaram dinheiro público para salvar empresas e bancos. “Além disso, o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento do país, feito pelo Governo Dilma (PT), vai diminuir em 17% os repasses financeiros para estados e municípios.”, lembrou Dário.

Ao final da palestra, o professor explicou o que os trabalhadores devem fazer para enfrentar a crise e os ataques dos governos. “É preciso se organizar. E para isso é preciso mudar a consciência e motivar os trabalhadores para lutar. O que nós estamos fazendo nesse encontro é o primeiro passo.”, finalizou.

Encontro foi aprovado por servidores
Os servidores aprovaram o encontro e saíram fortalecidos do evento. “Acho que esse é o caminho, porque através de nossas políticas nós vamos traçar uma meta para que nossas reivindicações sejam conquistadas. Eventos c
omo esse ajudam a conscientizar os trabalhadores.”, afirmou a agente de saúde, Rosineide Alves.

O encontro aprovou ainda um plano de lutas para o município. No dia 15 de abril, haverá um protesto contra o assédio moral, pela implantação do Plano de Cargos e em defesa do pagamento em dia dos salários.

Jurídico

Mais dez agentes de saúde recebem FGTS

No dia 18 de março, mais dez agentes de saúde receberam o FGTS. Com esses pagamentos, agora já são 25 os trabalhadores que tiveram o direito pago pela Prefeitura. A assessoria jurídica do Sindsaúde Mossoró deu entrada nas ações em julho de 2007. Ao todo, são 150 ações. Os que têm um FGTS de até R$ 3.800 provavelmente vão receber até o fim do ano.

Lazer

CAMPEONATO DE FUTEBOL DO SINDSAÚDE MOSSORÓ COMEÇA EM ABRIL

O 1º Campeonato de Futebol Society do Sindsaúde Mossoró terá início no dia 9 de abril. As inscrições foram encerradas no dia 31 de março e oito equipes se inscreveram na competição. Entre elas, Apodi, Assu, Mossoró e Felipe Guerra. Os jogos acontecerão na Associação do Hospital Tarcísio Maia e devem se encerrar no final de maio. O campeonato está sendo organizado pelo diretor do sindicato Manoel Ribeiro.